sexta-feira, 25 de junho de 2010

Palavreando com o encontro, e encontrando com a palavra.

Para realizar um bom encontro é preciso vestir-se com humanidade

É preciso abrir a guarda, e cuidar da ansiedade

Para produzir um bom encontro tem que ter coragem, tem que se atritar, perceber os limites do corpo, e ver até onde ele pode chegar.

Um bom encontro se produz com generosidade para compreender e para ensinar. Ouvidos e coração abertos para escutar.

Um bom encontro leva tempo. Tempo necessário, e não cronometrável, medido, calculado.

Para fazer um bom encontro é necessário deixa o coração leve, e ter muita fé, pois o encontro é fruto da esperança na humanidade.

Os bons encontros são feitos da transformação da solidão em companheirismo, do medo em confiança, do ressentimento em alegria, da opressão em liberdade.

A vida moderna e a pós-moderna têm como marca o refinamento das formas de opressão e controle, pelo recrudescimento das ações do estado de exceção, e pelo cultivo do medo.

A lógica do trabalho submisso a reprodução das mercadorias e do lucro deixam de fora os desejos mais íntimos e reais. A realidade se transforma em uma fragmentação de desejos de consumo. Os sonhos são roubados. Resta-nos pouco do céu...

Hoje pensava sobre uma frase angular que diz que “se os canalhas\escrotos voassem, nós não conseguiríamos ver o céu”. De certa forma, há muitos de nós que não conseguimos ver o céu, sufocados pelos babacas da ordem e do progresso do capital.

Nossa juventude pobre tem sofrido um processo de criminalização e encarceramento brutal. Em sua maioria ligada à venda e consumo de drogas ilícitas. Uma economia totalmente integrada com a lógica geral da produção de mercadoria, e uma das válvulas de escape para a lógica reificante do sociometabolismo do capitalismo, que se torna cada vez mais insuportável enfrentar com a “cara limpa”.

Se nós ficarmos atentos, poderemos escutar o ranger dos dentes e os gritos de socorro que dos oprimidos pelo mundo contemporâneo. Nas ruas, caras pálidas caminhando sem muito saber pra onde vão. Sou uma dessas... Só a empatia é capaz de nos transportar para perto da dor do outro, para dentro do mundo que compartilhamos, e sentir que há algo errado, mas que há coisas que nos fazem continuar, pois a vida é totalidade.

O que as novas gerações pós- queda do Muro de Berlim e do padrão de acumulação fordista tem feito? O que a geração da internet, do computador, da genética, da nanotecnologia tem feito para melhor o mundo? O que a ciência tem produzido para melhora as condições de via? Não falo de medicamentos de tarja preta, nem de transgênicos, ou medicamentos diversos, mas de ações e invenções que visem à prevenção do adoecimento, e não o lucrar com ele.

Hiroshima, Nagasaki. Boom!!!! Bomba atômica. Depois pesticidas. Temos uma herança maldita, que temos que nos livrar, não com o apagamento, nem com o auto-flagelamento, mas com um olhar crítico e transformador, para não reproduzirmos os mesmos erros das gerações passadas. É bom saber que mesmo assim não estamos livres disso, portanto devemos lutar com o otimismo que vem da possibilidade e da necessidade de vivermos em um mundo melhor.

Devemos nos deixar afetar pelos outros, pelos carinhos, pelas dores alheias. As máquinas não podem construir uma sociedade melhor. Essa é nossa tarefa. Acredito que devemos aperfeiçoar nossos corações para sentirmos as vibrações do mundo, aperfeiçoar nossos braços para abraçarem melhor, mais confortavelmente, e mais verdadeiramente.

A tarefa de nosso século é reinventar nossa humanidade, pois os séculos de hegemonia do capital e da desigualdade têm usurpado à alegria, a esperança, e a liberdade dos homens e mulheres.



Mardonio Barros